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Textos Sagrados são os registos que evocam o divino. Neste espaço eles irão testemunhar a reverência espiritual da humanidade, porque asseguraram e continuarão a assegurar, a herança que dirige o rumo da contínua evolução dos seres. A Sabedoria perene e a força espiritual irradiam através dos tempos, sob a égide de Escrituras Sagradas.
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O Yoga Vāsiṣṭha - 3ª Palestra
de Alejandro Corniero
em 30 Jun 2012
Nestes extractos seleccionados que apresentamos por capítulos encontram-se ensinamentos do Yoga tradicionais como são ensinados e postos em prática pelas mais altas autoridades espirituais da Índia. Trata-se de uma jóia de espiritualidade e sabedoria que apresenta as noções fundamentais do Vedānta numa forma mais exequível do que os tratados de estilo mais filosófico, sem perder, contudo, o que tem de elevado e de profundo. Os sábios antigos eram da opinião de que, quem estuda com atenção esta obra, e vive os seus ensinamentos, se eleva acima das limitações da matéria e, experimentando uma beatitude imutável no seu ser, leva os seus semelhantes a participar da sua própria exaltação espiritual, através da bondade e da verdadeira filantropia.
O Bem-aventurado Vasiṣṭha continuou:
«Deves considerar tudo à luz dos Śāstras 1 e penetrar no seu verdadeiro significado; também obterás proveito dos ensinamentos do teu Mestre, meditando neles dentro da tua alma e com o constante empenho em desdenhar o visível até poderes conhecer o Uno invisível.
Podes alcançar esse estado de santidade pela quietude, o conhecimento dos Śāstras e de sua doutrina, escutando as homilias dos mestres espirituais, bem como adquirindo a convicção de que és capaz de o alcançar.»
Disse Rāma:
«Santo instrutor, tu és o sol do dia do Conhecimento espiritual; és um fogo resplandecente na noite das minhas dúvidas; és a lua que refresca o calor da minha ignorância. Sê suficientemente bom para me explicares quem tem maior mérito: o devoto que vive na sociedade ou aquele que se retira em solitude?»
Respondeu Vasiṣṭha:
«Ambas almas são felizes desde que possuam calma no seu interior. Quem vê as qualidades e propriedades das coisas como algo diferente do Espírito, goza internamente de uma paz serena, a que se chama samādhi 2.
O homem de alma esclarecida que é activo no mundo, e o sábio iluminado que permanece no seu retiro são semelhantes na sua serenidade espiritual e indubitavelmente alcançaram o estado de beatitude.
Na actividade ou inactividade da alma reside a única causa de agitação, ou tranquilidade dos homens. Prementes desejos invadem a alma de vaidade que corresponde à sua natureza, e essa é a causa de todas as suas desditas; esforça-te, por consequência, por atenuar, a cada momento, as tuas inclinações mundanas.
Quando a alma está em paz porque se libertou de medos, aflições e desejos, e se estabelece em repouso, esse estado é chamado de samādhi.
A casa dos chefes de família que dominaram bem a sua alma, e que aboliram o seu sentido de egoísmo, é tão boa como a solidão da selva, o frescor das grutas ou a paz do bosque, ó Rāma-ji.
Os homens de alma apaziguada observam os mais esplêndidos monumentos urbanos com o mesmo olhar impassível com que contemplam as árvores de um bosque. Quem, no interior do seu Espírito, vê o mundo em Deus, é na verdade o Senhor da humanidade.
O mundo não é mais do que paz para os yogīs de alma controlada; é a Alma divina que se manifesta em forma de ego, e o mesmo acontece com o mundo.
Aquele que alcançou a paz exterior e interior graças à prática do Yoga (§) e da virtude, assim como pelo serviço ao seu Instrutor, e que considera o mundo como algo inseparável de Deus, esse goza de samādhi em qualquer lugar; o que sente diferenças e separa o seu ego dos outros 3, debate-se incessantemente nas ondas encrespadas do mar.
O que cumpre com o seu dever no uso dos seus órgãos activos enquanto guarda a sua alma na meditação interior, e não é afectado pela alegria ou pela aflição, é chamado de yogī impassível.
O que contempla calmamente o transcurso do mundo, tal como decorre ou se apresenta perante ele, e permanece sorridente pese embora as vicissitudes, é chamado de yogī impassível.
Aquele que alcançou um desapego espiritual e uma serenidade tal, realiza a perfeição suprema e é-lhe indiferente ser externamente elevado ou rebaixado, viver ou morrer. Tanto se lhe dá viver no luxo de sua casa, como viver retirado da sociedade guardando silêncio; para ele tudo é igual.
O conhecimento da extinção de toda a existência em Deus é o único remédio capaz de curar o erro em que se crê numa entidade dualista separada; é o único meio capaz de alcançar a paz da alma.
Assim como o desvanecimento da ilusão que confundia uma corda com uma serpente 4 proporciona paz e alegria, a destruição do egoísmo em Ātman traz a paz e a calma à alma.
(... continua)
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