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Ser Ninguém

de Ajahn Sumedho

em 01 Mar 2014

  (...anterior) O que é isso que observa e conhece a inspiração e a expiração – não é a respiração, pois não? Podemos observar o pânico que surge quando tentamos respirar e não conseguimos; mas o observador, aquele que sabe, não é uma emoção, não é o ataque de pânico, não é expiração ou inspiração. Então, o nosso refúgio no Buddha (§) é ser esse saber; ser a testemunha em vez de ser a emoção, a respiração ou o corpo.

Com o som do silêncio, algumas pessoas ouvem flutuações de um som ou um som de fundo contínuo. Então podemos contemplar esse som - dar-lhe atenção - conseguem reparar nele se puserem os dedos nos ouvidos? Conseguem ouvi-lo num lugar onde alguém está a usar uma moto-serra? E enquanto fazem exercícios? Ou quando se encontram num estado emocional frágil? Podem usar este som do silêncio como algo que vos recorda que devem voltar a vossa atenção e reparar nele – porque está sempre presente aqui e agora. E aí está “aquilo que” presta atenção.

Existe na mente o desejo de lhe chamar algo, de ter um nome para isso, tê-lo listado como uma realização ou projectar algo sobre isso. Reparem na tendência em querer torná-lo em algo. Alguém disse que é provavelmente o som do sangue a circular no ouvido, outros chamam-lhe o “som cósmico”, “a ponte com o Divino.” Isto soa melhor que “o sangue no ouvido.” Pode ser o som do Cosmos ou até pode ser que tenha uma doença no ouvido. Mas não tem que ser nada; é aquilo que é, é “como é.” O que quer que seja, pode ser usado como reflexão porque quando está presente, não existe o sentido de si próprio, existe vigilância, existe a capacidade de reflectir.

É mais como um caminho a direito sobre o qual podemos andar, e que não nos deixa desequilibrar. É algo que pode ser usado para o nosso estado consciente na vida diária, enquanto vestimos o manto, escovamos os dentes, fechamos uma porta, quando entramos na sala de meditação ou quando nos sentamos. Muito da vida diária é apenas “normal” porque ansiamos por aquilo que consideramos serem as coisas importantes da vida - como por exemplo a meditação. Assim, caminhar de onde se vive até à sala de meditação pode ser uma experiência completamente descuidada – apenas um hábito – clop, clop, clop, pum bang! Então sentamo-nos por uma hora, tentando ser vigilantes.

Deste modo, começamos a perceber uma maneira de estar vigilante, de trazer a vigilância para as actividades rotineiras e para as experiências da vida. Tenho uma pequena imagem no meu quarto - à qual sou muito afeiçoado - de um velho homem com uma caneca de café na sua mão, olhando pela janela para um jardim inglês, enquanto chove. O título da imagem é “Esperando.” É assim que penso em mim: um velho homem com a caneca do café, sentado na janela, esperando, esperando... observando a chuva, o sol ou outra coisa. Não vejo uma imagem depressiva mas antes uma imagem pacífica. Esta vida é apenas sobre esperar, não é? Esperamos o tempo todo – e então reparamos nisso. Não esperamos por alguma coisa em particular mas podemos simplesmente esperar. Então respondemos às coisas da vida, ao momento do dia, aos deveres, às coisas em movimento e mudando, como a sociedade em que estamos. Essa resposta não vem da força do hábito, da ganância, ódio ou ilusão mas é a resposta da sabedoria e atenção.

Quantos de vós sentem que têm uma missão na vida? Algo que têm que realizar, um certo tipo de tarefa importante que vos foi atribuída por Deus, pelo destino ou algo. As pessoas são frequentemente apanhadas nesse ponto de vista de serem alguém com uma missão. Quem consegue estar presente com as coisas como elas são, tal como o corpo que cresce, fica velho e morre, respira e é consciente? Podemos praticar, viver dentro dos preceitos morais, fazer o bem, responder às necessidades da vida com plena atenção e sabedoria – mas não existe alguém que tenha que fazer alguma coisa. Não existe alguém com uma missão, ninguém especial; não estamos a fazer uma pessoa, ou um santo, ou um avatar, um tulku ou um messias, ou Maitreya.
  (... continua) 
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