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Sistemas, tem a finalidade de contribuir para a divulgação das linhas de pensamento dentro das várias Religiões e Filosofias de todo o mundo, na compreensão de que todas partilham afinal uma linguagem comum.
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O Caminho
de Phiroz D. Mehta
em 27 Nov 2016
“Ali” (distante de “aqui”) existe o não realizado - como tal, comporta sofrimento. O calor do desejo impele ao movimento, exigindo labuta, de forma a chegar ‘aqui’. Quando chega ‘ali’, torna-se ‘aqui’. Mas, de novo surge outro ‘ali’. O processo repete-se, reunindo momentos – a dor acumula-se, bloqueando a liberdade e negando paz. Assim acontece com os não-despertos, vendo apenas a separação dos seres e das coisas, cegos às ligações que constroem o todo. Uma vez despertos, a consciência liberta vê todas as relações em tudo, entre aqui e ali. Nessa altura nada existe que possa sujeitar alguém a um esforço vão – tudo é fácil e livre, a paz torna-se activa. A consciência liberta não tem restrições. A sua movimentação daqui para ali não sofre crispações – pode mover-se perpetuamente. Não há perda de energia. A capacidade que tem para ver todos os factos de forma transparente não lhe permite gerar sofrimento, produzir ilusões ou erros de percepção. Permeia cada aqui e cada ali; está em todo o lado. É espaço mental, ākāśa, integrando o aqui, o ali, e o em todo o lado. Isto é omnipresença.
Excerto do livro "The Heart of Religion".
Tradução de Helena Gallis
O caminho para a casa eterna! Mas a casa eterna não existe em lugar algum, e está em todo o lado. E o caminho não tem princípio nem fim. Com o coração iluminado pelo amor e a mente a brilhar de compreensão, o caminho é a via da acção constante, a acção que é paz e beleza. Ao mover-se acalma-se; ao acalmar-se, abarca o mundo. Tal como o botão de uma flor que está aqui e agora, e se vai abrindo, aqui e agora, todo o caminho existe no aqui e agora.
* * *
Cada ‘antes’ move-se para um ‘agora’. Cada ‘antes’ específico, inevitavelmente surge para o seu específico ‘agora’, cria o domínio para um evento distinto, um ponto-instante num certo espaço-tempo. Cada ponto-instante emerge para o próximo, chegando ao ‘agora’. A emergência é um processo de transformação, condicionado, no que toca a cada um, pelas suas volições, pensamentos e acções, bem como pelas forças externas a essa pessoa e ao ambiente que o envolve.
O antes relaciona-se com o agora, e o agora com o futuro, numa transformação que se move e constantemente muda, atormentada pelo sofrimento, sempre que as volições, os pensamentos e as acções são os das pessoas por despertar. Aquele que despertou e é puro deixou de ser uma fonte de vontades geradoras de sofrimento, de pensamentos e acções – para esse não existem fardos penosos de memórias ou antecipações, nem desejos ardentes gerando actividades incansáveis. Não se sente apanhado na roda da impermanência fútil, de começos e fins, (‘nascimentos’ e ‘mortes’), que constituem o ciclo da mortalidade. Em vez disso, compreende a perfeita relação entre o antes e o agora, sem ter de planear o futuro em função do ego. De fina sensibilidade, vive plenamente na dinâmica do aqui e agora. Sem propensão para a desilusão, exercendo livremente a compreensão interior, vê as pessoas e as coisas tal como elas são.
Isto é omnisciência.
O Supremo, desprovido de ego, é o elo transparente, desprovido de qualquer resistência ao influxo e ao refluxo da Transcendência. A actividade de vida d’O Excelso, em consciência e em essência, expressa no mundo sob formas finitas a energia infinita informe e arquétipa do ākāśa, Mente-pura. Não existem critérios, avaliações ou julgamentos válidos no que respeita a esta actividade de vida.
Isto é omnipotência.
O processo de transformação total, i.e., a constante mudança emergente à escala universal movimenta-se do aqui e agora para o aqui e agora. Enquanto formos crianças da mortalidade, somos impulsionados, pela nossa ignorância e egoísmo, a correr caótica e cegamente de um lado para o outro. Não possuímos nem a visão nem a capacidade de nos movermos ao compasso do ritmo cósmico, do aqui e agora para o aqui e agora, em transubstanciação. A nossa vida é uma vida de prisioneiros e de vítimas, dilapidados em escravidão e lágrimas.
Assim, o caminho é apenas aquele que proporciona libertação do estado de ignorância para o estado de pura e total consciência do aqui e agora – este é o significado do objectivo espiritual: a fundação da comunhão inquebrantável.
* * *
«Indica-me o Caminho para a Transcendência!»
Se me conseguires mostrar o caminho para o espaço, eu conseguirei mostrar-te o Caminho para a Transcendência.
«Mostra-me, mostra-me, eu preciso saber…»
Sossega-te! Tal como o espaço, a Transcendência sustem-te. Tal como o teu coração vivo, Deus pulsa dentro de ti. Tal como o intransitado voo do pássaro, é na asa que surge o despertar do espírito sem vestígio.
Como é possível existir um caminho para a Transcendência? A Transcendência não está ali, não é um objectivo finito que eu ou tu possamos identificar no final de um trajecto. O Deus que eu possa encontrar é tão-somente um deus, um conceito meu apenas, um mero ídolo, fumo predestinado de Valhalla e de mim! – um incêndio inevitável.
Eu, o existente, o nada manifesto, não passo de uma sombra temporal do EU SOU, NADA, na eternidade.
(... continua)
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