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A comunicação das ideias
de Ana Maria Cordeiro
em 02 Nov 2010
Decorreu há pouco em Lisboa um encontro alargado sobre a temática da Língua Portuguesa e da sua internacionalização, bem como sobre as Culturas Lusófonas e a Globalização. Passado o entusiasmo sobre o facto de termos ou não uma das línguas mais faladas do mundo, termos cerca de 250 milhões de falantes e reportarmo-nos sempre a passados mais gloriosos, a tónica das alocuções ia sempre parar ... “e agora?”, numa questão mais ou menos expressa e de uma angústia que seria quase preocupante.
Culturas Lusófonas num Universo Globalizado
A CPLP e os jovens países, a importância do mundo Brasileiro dos novos países africanos, da modernidade e actualização de que a língua tem vindo a obter, graças a miscigenação a “adaptação dos vários falares” como referiu o Prof. Carlos Correia; a necessidade de se existir no mundo das tecnologias e das ciências e o conhecimento de, para tal, haver o contributo de todos os utentes dos novos meio de comunicação para que se enriqueça a difusão da mesma através dos meios ao nosso alcance.
Mas se nunca se falou tanto em Português como hoje, com ou sem erros, então a língua expande-se, cresce, não no velho país, mas nos novos e nos países onde se radicou a emigração portuguesa de há décadas. Lembremo-nos que a 3ª língua mais falada no Japão é o Português, graças à comunidade Brasileira que lá trabalha. A lembrança de que a língua é património de todos, com ou sem erros, numa pluralidade de culturas com pronúncia ou sotaques diferentes, mas que terá de ser expressa livremente, porque assim é que evoluirá e tornar-se-á tão mais conhecida quanto maior for o interesse da comunicação. Seja com carácter económico, científico ou cultural, ninguém estuda ou usa uma língua, não comunica portanto, se a mensagem não for a prioridade. Se os entendidos referem que “o valor económico da língua é neste momento cerca de 17% do PIB”, então teremos de assumir a língua Portuguesa se a quisermos difundir, respeitar. Não ao mau Espanhol ou ao mau Inglês: por que não, assumir que em reuniões internacionais, figuras prestigiadas do mundo Lusófono falem sempre na língua mãe, quando hoje há toda a facilidade das traduções em simultâneo? Mas se o uso da língua tem poder económico, político e cultural, o poder da língua é o poder das ideias.
Teremos ideias inovadoras para oferecer ao mundo?
Teremos nós, quando elas surjam, a coragem de as expressar em Português?
Se há falta de professores para leccionar a língua Portuguesa, nomeadamente na Ásia e na Tunísia, então, a difusão da língua contínua em expansão. Faltarão tão somente as ideias inovadoras que logo, logo, com elas seguirá de novo a língua Portuguesa, como aconteceu nos tempos áureos do nosso comércio.
O comércio de ideias para o século XXI, onde se arrumem ideias novas, novos conceitos e formas de estar, sentir, viver. Quando formos ou tivermos realmente a coragem de ser inovadores, tal como todas as civilizações, teremos de novo a língua mãe como ferramenta universal.
Até lá, e enquanto se maturam as ideias, para transmitir as nossas “ideias” usemos todos os maravilhosos meios ao nosso alcance.
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