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Homem e besta num só corpo

de Bhikkhu Dhammiko

em 23 Ago 2017

   A questão da vida e da morte, sempre teve uma presença enorme no meu coração. A premência da libertação espiritual sempre contrastou profundamente com a consciência que eu subconscientemente sempre tive de que nós, como humanos, estamos mais mortos que vivos. Como se a vida que vivemos aqui, na sua cadência ordinária e “natural”, fosse mais uma letargia profunda sedada, do que propriamente uma vivência plena, que o humano em si deveria satisfazer. Há algo que falta ou que está errado neste nosso mundo humano.

Desde novo sempre tive este algo dentro de mim que me dizia a minha humanidade estar presa numa condição terrivelmente ilusória. Eu era novo, nos meus 14 anos, ainda a abrolhar para uma vida à minha frente que eu ansiava explorar e viver. Aquilo que se seguiu, tanto o resto da minha adolescência como os meus anos 20, foi como que saborear aquele agri-doce que a vida material dos sentidos tem para oferecer, com um pé nos excessos e outro tendo em mente a busca da nossa Natureza original.

Embriaguei-me o suficiente com a vida, basicamente, sem pruridos, mas sempre com uma consciência urgente para a liberdade espiritual, enterrada no subconsciente a meio da minha diletante indulgência nos sabores mais voluptuosos da matéria … saborear o beco-sem-saída de sensações e sentimentos que não duram para sempre e só nos dão apego e nostalgia dispensável à verdadeira liberdade espiritual.

A humanidade perde-se de infindáveis maneiras neste mundo. Para um ser que não alberga sentido ou consciência alguma de uma realidade espiritual além da matéria, a única coisa que existe é esta vida material e mundana. Para esse, o caminho espiritual é uma miragem digna de troça e a espiritualidade para si é senão a prepotência de uma religião estabelecida que não passa de um conjunto de regras, protocolos e deferências que mimetizam a vontade dos deuses caídos.
Somos escravos de uma realidade impermanente, construída e condicionada com determinados objectivos menos puros. Para nos libertarmos, precisamos de um salto extraordinário que começa no nosso coração. É nessa vontade intrínseca que nasce o novo ser humano … a tão preciosa ressurreição espiritual.

Quando finalmente não só percebi mas admiti que posso comportar-me como uma besta … compreendi bem o significado do número 666 da Revelação Bíblica, porque é um número humano. Os seres humanos não se apercebem que têm em si o carácter/matriz 666 da besta nos seus corpos … sabemos em biologia que fazemos parte do Reino Animal, mas não o reconhecemos nem admitimos como seres humanos. A realidade é que de animais racionais, pouco acabamos por manifestar em relação ao potencial humano que devemos realizar.

O desejo rouba tanto a vida espiritual, tanto. O Buddha disse que se houvesse uma outra força idêntica ao desejo sexual presente no corpo humano, em paralelo àquela já existente, ele não se tinha iluminado. Eu percebo bem porquê, apesar de duvidar se todas as pessoas percebem isso.
Nós só conseguimos perceber a profundidade de algo quando fomos ao fundo e depois não ficamos lá em baixo, mas de alguma forma fazemos por subir e sair do fundo. A meio caminho apercebemo-nos bem do tamanho da besta e a batalha que temos de atravessar … é terrível … mas eis a beleza da vida e a liberdade de cada um tão guardada e escondida no coração sábio de cada ser, que os próprios deuses temem.

Quantos mistérios há que desintegrar neste caminho tão único e individual deste nosso inconsciente colectivo???

Seja sexo, droga, álcool, comida, luxo, poder, prestígio, vaidade … o cerne do desejo é o mesmo, mas em última instância, a batalha derradeira é o desejo sexual, a força mais poderosa que sorve o ser do imanifestado para um corpo manifestado, através da qual acabamos projectados … a energia da vida que entra e sai deste mundo … o caminho e a vida.

Existe uma Lei cósmica que tanto dá como tira … a Lei da harmonia e do equilíbrio … a Balança implacável da Justiça Divina … o Dharma Dhamma. Nós acabamos por ser os construtores desta vida e do próprio Caminho de libertação.
VIDA …………………………………………………………….
     


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